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Não só Pelotas, mas toda a região sul do estado do Rio Grande do Sul iniciou sua colonização em função de Colônia de
Sacramento, no Uruguai. Mesmo antes de terminar a disputa territorial entre Portugal e Espanha, em 1777, quando foi assinado o
Tratado de Santo Ildefonso entre os dois países, já os portugueses andavam pela região.
O exemplo mais vivo é a fundação da cidade de Rio Grande, em 1737, por Silva Paes. Após a assinatura do tratado,
os portugueses iniciaram a subida rumo ao norte do estado, estabelecendo-se inicialmente em Viamão. Neste trajeto foram se
estabelecendo, principalmente nas margens da Lagoa dos Patos.
Em Pelotas não foi diferente, mas o grande arranque de que hoje é a cidade se iniciou com a chegada do português José
Pinto Martins, imigrando originalmente para o Ceará, estabelecendo às margens do arroio Pelotas a primeira indústria saladerial, de
produção de charque, em 1780, aproveitando a grande abundância de
matéria-prima ali existente e que se encontrava a esmo pelos campos, o gado bovino. Logo outras charqueadas foram
implantadas, como as de Gonçalves Chaves, Bernardino Barcelos e tantos outros.
Começava a tomar corpo o que é hoje Pelotas, que nesta época pertencia a Rio Grande. Em 7 de julho de 1812 o padre Felício foi
ao Rio de Janeiro, a mando da família Antônio dos Anjos, para solicitar às autoridades competentes a criação da nova freguesia,
que foi chamada de Freguesia de São Francisco de Paula.
A nova freguesia foi se desenvolvendo rapidamente. Em 1830 Pelotas já tinha um parque industrial saladeril com mais de
vinte charqueadas trabalhando ao longo do Arroio Pelotas e Canal São Gonçalo. Em 1832 foi elevada à categoria de vila,
passando então a chamar-se de Pelotas, uma homenagem às rústicas embarcações utilizadas pelos nativos na travessia dos rios,
confeccionadas com o couro animal e quatro varas corticeiras. Finalmente, em 1835, Pelotas ganha o status de cidade. Com
a Revolução Farroupilha, arrefeceu-se o ímpeto industrial da nova cidade, mas daqui saíram os empresários-soldados como
Domingos José de Almeida e José Gonçalves Chaves, considerados os cérebros mais brilhantes da revolução. Terminada a
Guerra dos Farrapos, o Barão de Caxias reorganiza a estrutura administrativa da cidade que havia sido totalmente desarticulada
e manda abrir a Câmara, organiza o judiciário e só saiu da cidade após a situação voltar ao normal.
Um novo ciclo de progresso começa e seu auge acontece com a Guerra do Paraguai. Muitos pelotenses engrossam as tropas dos
Voluntários da Pátria. As tropas do Império se alimentam com o charque produzido aqui. Ao retornar do cerco e tomada de
Uruguaiana, o Imperador visita Pelotas e seu genro, o conde D'Eu, declara-se cativado por ela.
Terminada a guerra, mais um ciclo de progresso toma conta da Princesa do Sul. Pedro Osório muda-se para Pelotas e sua
descendência cresce, dando nomes da maior projeção política e intelectual. Funda-se o Liceu de Artes e Ofícios, embrião da
primeira Escola de Agronomia e Veterinária. Embora começando um novo século, os tempos antigos de Pelotas só
morreriam definitivamente com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Neste período os charqueadores e grandes comerciantes
depositavam seu dinheiro no Banco Pelotense, que chegou a ser um dos três maiores do país. Mas a roda da fortuna é caprichosa.
Após a guerra, os frigoríficos se impuseram, o charque como base alimentar virou coisa do passado. O Banco Pelotense, após
a vitoriosa Revolução de 1930, viu suas portas serem fechadas, para abrirem logo em seguida com o nome de Banco do Rio
Grande do Sul. Foi nessa época que desenvolveu-se a cultura do arroz, trazida por Pedro Luis da Rocha Osório, pioneiro da
implantação intensiva e extensiva desta cultura no estado.
Pelotas tem uma história de coragem, determinação e muito trabalho. Num breve passeio por suas ruas repletas de fachadas
históricas, é possível resgatar toda a essência de uma sociedade de fortes tradições culturais. Alguns pelotenses
ilustres culturalmente: João Simões Lopes Neto, Fernado Osório, Lobo da Costa,
Antonio Caringi, Zola Amaro, Leopoldo Gotuzzo, entre outros. Habitaram na cidade,
nove barões, dois viscondes e um conde, o que colaborou para denominar a sua sociedade como a
Aristocracia do Charque, ou ainda como os Barões da Carne-Seca.
Foi a luta de seu povo, no passado, que fez com que Pelotas fosse considerada a verdadeira capital
econômica da província, vindo a se envolver em todas as grandes causas cívicas.
Essa prosperidade econômica e cultural continua até hoje, graças ao espírito empreendedor de seu povo e às fortes
administrações municipais. Centro geo-econômico da região sul, Pelotas exerce influência sobre um universo de 1,2 milhão de
pessoas, em 19 municípios, com um potencial de consumo que supera algumas capitais brasileiras.
Pelotas possui aproximadamente 350.000 habitantes distribuídos em uma área de 1.921.80 Km².
O clima subtropical úmido e a proximidade com o Oceano Atlântico propiciam temperaturas amenas e
densos nevoeiros de maio a agosto. Além de um inverno ameno, um verão tipicamente brasileiro leva as
pessoas a desfrutarem de belezas naturais como a praia do Laranjal, além
de outros pontos de destaque, como a Cachoeira do Arco-Íris, o Recanto dos Coswig, Cascata,
Bachini, etc. (Veja detalhes em Região Colonial)
Fora as belezas naturais, são permanentes fontes de turismo o comércio, forte e diversificado, o belo e
imponente casario, acervo arquitetônico de uma época de glória e opulência e a tradição doceira do
município, que extrapolou fronteiras, valendo a Pelotas o título de "Capital Brasileira do Doce".
Pelotas possui uma rede hoteleira composta de estabelecimentos quatro estrelas, hotéis três estrelas, hotéis
duas estrelas e estabelecimentos de menor porte. A área gastronômica é servida por ótimos restaurantes, churrascarias, pizzarias
e confeitarias. Bares, choperias e danceterias agitam a vida noturna da cidade.
A rede de serviços do município inclui duas empresas de TV por cabo, telefonia celular, duas emissoras de televisão,
sete emissoras de rádio FM e quatro AM.
A tradição cultural de Pelotas se mantém viva através de duas universidades
(UFPel e
UCPel),
duas instituições de ensino superior isolada
(Faculdades Atlântico Sul e
SENAC), duas escolas técnicas federais
(CAVG e
CEFET), dois centros de pesquisa (Embrapa), dois teatros, várias
salas de cinema, dezenove clubes sociais, além de bibliotecas, museus e galerias de arte.
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