Cancioneiro guasca
Outro - Pelo sinal

Na coxilha do Seival,
Eu o vi muito depressa
Fazer logo às avessas
           - Pelo Sinal.

Maldito monstro infernal!
Não há quem dele dê cabo?...
Só não entende o diabo
           - Da Santa Cruz.

Santo nome de Jesus!
Nós todos somos humanos;
De semelhantes tiranos
           - Livre-nos Deus.

Tanto mal queres aos teus
Que o sangue desejas ver,
P'ra depois, vires a ser...
           - Nosso Senhor.

Tendo já visto o rigor,
Inimigo da nação,
Que produz a boa união
           - Dos nossos.

Nós todos somos sócios
Da ordem e patriotismo,
E, somos, do despotismo,
           - Inimigos.

E tu, com os teus amigos,
Caramurus diabólicos,
Não obram como católicos,
           - Em nome do Padre,

Não acham lei que lhes agrade,
Senão com a lei dos seus,
Todos abusam de Deus
           - e do Filho.

Malditos! Em um tornilho
Ver-se-á cada qual,
Com tormento corporal
           - do Espírito Santo.

Assim queira Deus, portanto,
Que o diabo, por esses ares
Carregue o Silva Tavares!
           - Amém, Jesus!

           (Versos da Revoluçção de 1835.)



Quem adora a liberdade
Mais do que Bruto e Catão?
           - João -

Quem, por justo, a estima goza
Do mais perverso demônio?
           - Antônio -

Quem, do Sul entre os heróis
Está na plana primeira?
           - Silveira -

Respeitado inda há de ser
Pela nação brasileira
O herói republicano
João Antônio da Silveira.

           Serafim Joaquim de Alencastro
           (São Gabriel, 30 de dezembro de 1841.)



Quem da pátria a liberdade
Defende como um leão?
           - João -

Quem sempre um soldado encontra
No destemido campônio?
           - Antônio -

Quem na guerra faz brilhar
Da república, a bandeira?
           - Silveira -

Vencer a força que oprime
Toda a nação brasileira
É o que aqui faz com glória
João Antônio da Silveira.

           Um soldado republicano
           (Alegrete, 20 de dezembro 1842.)



Quem virtuoso se mostra,
Sem o vício d'ambição?
           - João -

Quem é que sem descanso
Persegue o caramuru - demônio?
           - Antônio -

Qual a melhor espada
Da nossa melhor fileira?
           - Silveira -

Erija-se um templo agora
A essa espada primeira,
Imite, quem quer ser grande,
João Antônio da Silveira.

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